por Eduardo Cozer
A lenda começou já faz um tempo, em algum momento no início do século XIX. Nico era querido no vilarejo onde vivia pelo seu sorriso fácil e o poder de demonstrar interesse por todas as pessoas, sem distinção. Gostava das coisas simples e considerava uma grande conquista se conseguisse fazer um conterrâneo que vagasse cabisbaixo pelas ruas atoladas de neve um pouco mais otimista e confiante perante a vida.
A primeira vez que Nico incorporou a figura de São Nicolau de fato foi num seis de dezembro e ele trajava roupas que o tornavam mais parecido com uma figura bíblica, um bispo talvez. De barba feita e nada de cabelos brancos, aliás. Na primeira aparição na História da figura do Papai Noel, o mais importante na verdade era a missão de entregar "fazedores de sorrisos", "gatilhos de gargalhadas" e "escapamentos de alegria" numa terra de frio extremamente rigoroso. Munido de presentes, São Nicolau não esqueceu de uma criança sequer do pequeno vilarejo na Lapônia, Finlândia. E cumpriu sua missão sem ter sido visto por ninguém.
Entretanto, diferente dos dias atuais, não foram todas as crianças que ganharam presentes que desejavam. As crianças de comportamento inadequado em suas casas, desrespeitosas com mais velhos e autoridades, mimadas e descompromissadas com os estudos ganharam uma pedra de carvão, como forma de refletirem sobre seus atos. Nada mais inútil para uma criança do que um pedaço de carvão. Desta forma, com o tempo, e mais rapidamente entre os jovens, o mito do Papai Noel se expandiu. E da mesma maneira, Nico percebeu como poderia distribuir sorrisos pelo mundo inteiro.
Correspondeu-se com homens e mulheres de integridade inquestionável para que o ajudassem a tornar a lenda real para mais e mais crianças. E, desta forma, a cada ano que passava, todas as crianças que tiveram bom comportamento eram presenteadas e as que não haviam se comportado bem recebiam pedras de carvão. A irmandade foi crescendo até se tornar uma seita secreta com motivações altruísticas. A partir daí surgiram as fantasias, as renas, a chaminé e demais adereços. Para a magia ser completa é necessário que haja uma capa de segredo sobre a realidade.
O que se comenta é que até hoje pessoas são recrutadas ao redor do mundo inteiro para se tornarem responsáveis pela missão de entregar "fazedores de sorrisos", "gatilhos de gargalhadas" e "escapamentos de alegria" às crianças de sua região. E se o seu Natal e de seus conhecidos tem sido vazio e sem magia, talvez seja porque falte alguém com uma centelha do espírito do já falecido Nico, capaz de dar um sorriso fácil e demonstrar interesse pelas pessoas, pelas redondezas da sua região. A questão é se você quer fazer parte da magia ou do Natal vazio e sem graça.
* A Usina de Contos deseja um Feliz Natal, cheio de magia e sorrisos, a todos os seus leitores!
** Apesar de conter algumas informações tidas por algumas pessoas como verídicas, este conto não tem compromisso com a verdade, mas sim com a passagem de uma mensagem.
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